Como a Inteligência Artificial pode ajudar pessoas com deficiência visual

O censo demográfico de 2010 do IBGE aponta que são mais de 45 milhões de brasileiros que possuem alguma dificuldade para ver, ouvir, se movimentar ou algum tipo de incapacidade mental. Para se ter uma ideia se o Brasil tivesse 100 pessoas, aproximadamente 7 delas teriam deficiência motora, 5 teriam deficiência auditiva e 19 teriam deficiência visual.

E para atender esse público, podemos contar com a ajuda da Inteligência Artificial. O avanço da tecnologia de Inteligência Artificial (IA) e machine learning, trouxe consigo um grande avanço para a área de tecnologia assistiva, com softwares, produtos e serviços que ampliam as habilidades funcionais para pessoas com deficiência visual. Aqui entram os aplicativos ou dispositivos com ferramentas de audiodescrição que são capazes de reconhecer textos impressos, cores, rostos e transformar em voz e as descrever para o usuário.

Um exemplo aconteceu em março de 2018, quando a biblioteca da Unibes Cultural passou a contar com óculos capazes de captar imagens e textos e transformar em áudios para auxiliar deficientes visuais nas leituras de livros que não estão em braile. Além de possibilitar a leitura de livros, estes óculos são capazes de fazer qualquer tipo de leitura, como por exemplo: placas, cardápios, telas de equipamentos eletrônicos em frações de segundos.

Os óculos  OrCam MyEye, os mesmos usados na biblioteca da Unibes, são equipados com uma câmera instalada na parte frontal e que através de algoritmos de IA fotografa, escaneia e processa imagens e textos, sendo possível transformá-los em áudio. A tecnologia foi desenvolvida para promover a inclusão e facilitar as atividades rotineiras de pessoas com deficiência visual.

Com a pandemia do Coronavírus, as instituições de ensino tiveram que se adequar para que os alunos tivessem a possibilidade de continuar estudando em casa e não terem o ano letivo “perdido”. A forma encontrada foi adaptar os ambientes virtuais para que os professores pudessem dar aulas, enviar exercícios e demais conteúdos.

E por meio da tecnologia assistiva é também foi possível ampliar a inclusão e acessibilidade ao ensino superior, o que além de garantir o direito básico à educação, acaba diminuindo a evasão de estudantes deficientes visuais. Com isso as instituições de ensino precisam estar atentas às funcionalidades dos ambientes virtuais de aprendizagem, para que todo estudante tenha a capacidade de acessar os conteúdos e compreendê-los. 

Outro exemplo do uso da tecnologia é que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) colocou, em setembro de 2020, ao alcance dos servidores, advogados e outros operadores do direito com deficiência visual a possibilidade de acessar 100% das peças processuais de seu acervo.

“É um dever de todos nós, mas, principalmente, do STJ, que ousa usar o codinome de Tribunal da Cidadania”, afirmou a ministra Nancy Andrighi.

Tudo isso foi possível através de softwares OCR (em português: Reconhecedores Óticos de Caracteres), que são capazes de transformar uma imagem que contém texto em texto digital, para que aplicativos leitores de tela possam transmitir o conteúdo digitalizado em audiodescrição. “Sem o programa, seria muito difícil, para quem vive essa situação, ler o que está em uma imagem. Desde 2009, o STJ se preocupa com esse procedimento. Hoje, 100% das peças do tribunal estão adaptadas ao OCR”, segundo Rodrigo Carvalho, secretário de Tecnologia da Informação e Comunicação do STJ.

Todos os exemplos acima mostram que, se tivermos cada vez mais empresas dispostas a investir em tecnologias assistivas, conseguiremos dar maior autonomia para as pessoas com deficiência visual, proporcionando assim mais qualidade de vida. Com o uso da IA o usuário consegue identificar o que está a sua volta e interagir melhor. E seja desde a leitura de uma placa de sinalização até documentos e bula de remédios sem precisar de ajuda. 

E você, já pensou em utilizar algum tipo de tecnologia assistiva em seu negócio? Vamos conversar e montar um projeto para sua empresa.