Inteligência Artificial e Arte: a tecnologia muito além de substituir o artista
Quando falamos de Inteligência Artificial no campo das artes, geralmente é levantada a questão sobre a tecnologia substituindo o artista. E sim, existem alguns casos de robôs “criando” obras de artes, o que acaba muitas vezes desperta dúvidas como: “a IA substituirá os artistas algum dia?” A resposta a esse tipo de pergunta ainda não é óbvia. No entanto, assim como em outras áreas, a arte também pode se beneficiar do uso das ferramentas de Inteligência Artificial.
Um exemplo recente foram os testes feitos na obra Sansão e Dalila de Peter Paul Rubens, pela empresa suíça Art Recognition através do uso de IA que apontaram que a obra tem 91% de probabilidade de ser falsa. A empresa utilizou um algoritmo de aprendizado de máquina, em que é possível aprender as caraterísticas únicas de um artista, ou seja, após ser fornecido uma série de imagens com outros exemplos de trabalho do mesmo, o algoritmo consegue identificar com precisão se a obra é legítima ou não.
National Gallery / Reprodução
A Dra. Carina Popovici, cientista que realizou o estudo, informou que estava em choque: “Repetimos os experimentos para ter certeza de que não estávamos cometendo um erro e o resultado era sempre o mesmo. Cada patch, cada quadrado, saiu como falso, com mais de 90% de probabilidade.” Para a análise da tela Sansão e Dalila, a Inteligência Artificial comparou com outras 148 peças autênticas de Rubens.
Apesar do resultado ser chocante, em 2005 alguns especialistas em arte já haviam levantado essa dúvida sobre a autenticidade da obra. A revista alemã Der Spiegel publicou um artigo em que alguns críticos acreditavam que o estilo da pintura era “mais pesado que o do famoso mestre”.
A obra de arte criada originalmente entre 1609 e 1610, foi comprada pela National Gallery, de Londres, em julho de 1980. Hoje ainda em exposição na National Gallery, a obra está avaliada em US$ 8,94 milhões. A galeria ainda não se pronunciou sobre o caso.
Outra possibilidade de uso da IA no campo das artes
A artista plástica, Katia Wille, 49 anos, formada em arte e design pela Universidade de Amsterdã, conta: “Sempre quis que minhas obras saltassem da tela” e esse desejo se aproximou quando trabalhou por mais de 20 anos como designer de moda. Porém, em 2015, ela começou a se dedicar às artes visuais e sua criação foi além do uso de pincéis e tintas, usando a Inteligência Artificial para mudar o conceito de interatividade com o espectador.
Junto de seu marido, Hans Blankenburgh, que sempre trabalhou com softwares e programação, os dois viram a possibilidade de seus trabalhos se aproximarem. Katia conseguiu transcender a mensagem que deseja passar com suas criações e pôde dar vida às suas obras. A exposição “ToTa Machina” – que esteve exposta no Museu de Arte Sacra, em São Paulo entre janeiro e fevereiro de 2020 – tem uma mistura de pinturas em tela, móbiles e esculturas e seu objetivo é fazer com que a arte entre no espectador e vice-versa. Uma das obras faz uso de câmera que segue os movimentos dos visitantes ao focalizá-lo; outra obra reage às emoções faciais através da robótica, e foi programada para ler as emoções e após detectar um rosto, seu coração começa a bater.
Para Katia, “O objetivo final é começar a criar um espelho de nós mesmos nas obras: o corpo é representado pelos braços robóticos e sensores responsáveis pelos movimentos, a mente pela Inteligência Artificial que aprende com os nossos sentimentos e dá os comandos para que os movimentos aconteçam e a alma é representada pela arte das membranas de ecolatex pintadas como uma pele frágil e reluzente”.
Como vimos, as ferramentas de Inteligência Artificial e as artes têm muitas possibilidades de uso e esse campo pode se beneficiar da tecnologia. Você já sabia de casos parecidos com esses? Ficou interessado em utilizar IA no seu projeto? Vamos conversar e tirar essa ideia do papel!
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